Tente se lembrar de tudo o que você já ouviu dizer por aí sobre as vantagens de se plantar árvores. Embelezam a paisagem, oferecem frutos e sombra, seguram o solo nas encostas, atraem passarinhos...A lista é grande. Mas em tempos de aquecimento global, há algo de muito importante em relação às árvores que precisa entrar na sua lista. É que a árvore, para crescer, retira carbono da atmosfera. Tão importante quanto a água, os nutrientes do solo e a luz do sol, o carbono disponível na atmosfera é alimento para a árvore.
Desde o início da Revolução Industrial, há quase 200 anos, desenvolvimento é sinônimo de fumaça. A queima progressiva de petróleo, gás e carvão – os chamados combustíveis fósseis – gerou prosperidade e riqueza, mas fez com que a quantidade de carbono na atmosfera passasse de 280 ppm (partes por milhão) em 1860, para 360 ppm nos dias de hoje.
A saturação de CO2 na atmosfera agravou o chamado efeito estufa, já que a radiação solar que entra na Terra produzindo calor não consegue retornar ao espaço sem esbarrar num imenso colchão de gases situado a aproximadamente 20 quilômetros de altura. Estima-se que a humanidade lance 7 bilhões de toneladas de carbono por ano na atmosfera. Quatro bilhões são absorvidos pelos oceanos e florestas. O resto vai se acumulando lenta e perigosamente, gerando impactos importantes sobre o clima do planeta.
Não há como resolver esse problema sem mudar a matriz energética dos países industrializados, ou seja, substituir petróleo, gás e carvão por fontes mais limpas de energia. É sobre isso que se detém o Protocolo de Kioto, que entra em vigor no próximo dia 16 de fevereiro. Mas plantar árvores é uma alternativa reconhecida pelo próprio Protocolo como uma das ferramentas importantes para reduzir o estoque de carbono da atmosfera.
Os países industrializados poderão recorrer a projetos de reflorestamento (recomposição de áreas verdes) ou aflorestamentos (plantar onde nunca houve floresta) num limite que corresponde a 1% do total de gases a serem reduzidos por cada país, entre 2008 e 2012.
Nesta área da ciência ainda há mais perguntas do que respostas. Não se sabe exatamente como as árvores seqüestram esse carbono, e como reagem ao acúmulo de CO2 na atmosfera. No Laboratório de Mudanças Climáticas do Jardim Botânico de São Paulo, cientistas brasileiros desenvolvem experiências inéditas no mundo na busca dessas respostas.
Já se sabe, por exemplo, como o jatobá – uma espécie nativa do Brasil – se comporta num ambiente saturado de gás carbônico. Mudas de jatobá foram colocadas numa câmara que reproduz a atmosfera que o planeta deverá ter daqui a 50 anos, com o dobro de carbono. A reação da planta chamou a atenção dos pesquisadores. Ao mesmo tempo em que o número de estômatos – as “bocas” da planta situadas do lado de baixo das folhas – caiu de 70 mil para 50 mil, a capacidade de reter carbono aumentou em 30%. O coordenador da pesquisa, Dr. Marcos Buckeridge, se referiu assim à experiência: “Nós últimos 400 mil anos as plantas não viram uma concentração de gás carbônico tão alta. Então elas estão tão surpresas quanto nós ao ver essas mudanças na atmosfera”.
Em outras espécies, o acúmulo de carbono provocou queda de folhas. Para os cientistas, é bastante provável que a razão pela qual as folhas caem seja o aumento da produção de radicais livres, que reduzem a longevidade dos seres vivos. Se nos seres humanos o excesso de alimento faz mal, nas plantas não seria diferente.
Uma das linhas de pesquisa mais interessantes é a que vai investigar a matéria-prima do açúcar e do álcool. “Nós estamos estudando intensamente a cana-de-açúcar. Nós vamos fazer agora um experimento de um ano e meio para ver se a produtividade da cana aumenta quando há mais gás carbônico na atmosfera”, explica Marcos Buckeridge. Segundo ele, o fato de o Brasil ter sido pioneiro da descoberta do código genético da cana-de-açúcar estimula a realização de pesquisas de melhoramento da espécie.
“Nós podemos usar esse conhecimento para melhorar a cana e produzir variedades que possam seqüestrar mais carbono da atmosfera”, diz o cientista. Um dos desdobramentos possíveis dessa pesquisa seria o de replicar em diferentes espécies vegetais o potencial de absorver mais carbono. As mesmas plantas, modificadas pelos cientistas, reteriam muito mais carbono da atmosfera.
Tudo isso ainda é muito novo e as pesquisas estão apenas começando. Mas na guerra contra o aquecimento global, não há dúvida de que as espécies vegetais têm um papel estratégico importante. Num país do tamanho do Brasil, onde metade do território é ocupado pela Amazônia, não desmatar de forma criminosa e inconseqüente já seria um bom começo.
Desde o início da Revolução Industrial, há quase 200 anos, desenvolvimento é sinônimo de fumaça. A queima progressiva de petróleo, gás e carvão – os chamados combustíveis fósseis – gerou prosperidade e riqueza, mas fez com que a quantidade de carbono na atmosfera passasse de 280 ppm (partes por milhão) em 1860, para 360 ppm nos dias de hoje.
A saturação de CO2 na atmosfera agravou o chamado efeito estufa, já que a radiação solar que entra na Terra produzindo calor não consegue retornar ao espaço sem esbarrar num imenso colchão de gases situado a aproximadamente 20 quilômetros de altura. Estima-se que a humanidade lance 7 bilhões de toneladas de carbono por ano na atmosfera. Quatro bilhões são absorvidos pelos oceanos e florestas. O resto vai se acumulando lenta e perigosamente, gerando impactos importantes sobre o clima do planeta.
Não há como resolver esse problema sem mudar a matriz energética dos países industrializados, ou seja, substituir petróleo, gás e carvão por fontes mais limpas de energia. É sobre isso que se detém o Protocolo de Kioto, que entra em vigor no próximo dia 16 de fevereiro. Mas plantar árvores é uma alternativa reconhecida pelo próprio Protocolo como uma das ferramentas importantes para reduzir o estoque de carbono da atmosfera.
Os países industrializados poderão recorrer a projetos de reflorestamento (recomposição de áreas verdes) ou aflorestamentos (plantar onde nunca houve floresta) num limite que corresponde a 1% do total de gases a serem reduzidos por cada país, entre 2008 e 2012.
Nesta área da ciência ainda há mais perguntas do que respostas. Não se sabe exatamente como as árvores seqüestram esse carbono, e como reagem ao acúmulo de CO2 na atmosfera. No Laboratório de Mudanças Climáticas do Jardim Botânico de São Paulo, cientistas brasileiros desenvolvem experiências inéditas no mundo na busca dessas respostas.
Já se sabe, por exemplo, como o jatobá – uma espécie nativa do Brasil – se comporta num ambiente saturado de gás carbônico. Mudas de jatobá foram colocadas numa câmara que reproduz a atmosfera que o planeta deverá ter daqui a 50 anos, com o dobro de carbono. A reação da planta chamou a atenção dos pesquisadores. Ao mesmo tempo em que o número de estômatos – as “bocas” da planta situadas do lado de baixo das folhas – caiu de 70 mil para 50 mil, a capacidade de reter carbono aumentou em 30%. O coordenador da pesquisa, Dr. Marcos Buckeridge, se referiu assim à experiência: “Nós últimos 400 mil anos as plantas não viram uma concentração de gás carbônico tão alta. Então elas estão tão surpresas quanto nós ao ver essas mudanças na atmosfera”.
Em outras espécies, o acúmulo de carbono provocou queda de folhas. Para os cientistas, é bastante provável que a razão pela qual as folhas caem seja o aumento da produção de radicais livres, que reduzem a longevidade dos seres vivos. Se nos seres humanos o excesso de alimento faz mal, nas plantas não seria diferente.
Uma das linhas de pesquisa mais interessantes é a que vai investigar a matéria-prima do açúcar e do álcool. “Nós estamos estudando intensamente a cana-de-açúcar. Nós vamos fazer agora um experimento de um ano e meio para ver se a produtividade da cana aumenta quando há mais gás carbônico na atmosfera”, explica Marcos Buckeridge. Segundo ele, o fato de o Brasil ter sido pioneiro da descoberta do código genético da cana-de-açúcar estimula a realização de pesquisas de melhoramento da espécie.
“Nós podemos usar esse conhecimento para melhorar a cana e produzir variedades que possam seqüestrar mais carbono da atmosfera”, diz o cientista. Um dos desdobramentos possíveis dessa pesquisa seria o de replicar em diferentes espécies vegetais o potencial de absorver mais carbono. As mesmas plantas, modificadas pelos cientistas, reteriam muito mais carbono da atmosfera.
Tudo isso ainda é muito novo e as pesquisas estão apenas começando. Mas na guerra contra o aquecimento global, não há dúvida de que as espécies vegetais têm um papel estratégico importante. Num país do tamanho do Brasil, onde metade do território é ocupado pela Amazônia, não desmatar de forma criminosa e inconseqüente já seria um bom começo.
André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor do livro “Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação” (Editora Globo, 2005), Coordenador Editorial e um dos autores do livro "Meio Ambiente no século XXI", (Editora Sextante, 2003).
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